O
procurador-geral da República Rodrigo Janot já possui as informações da delação
do senador Delcídio do Amaral que envolvem o senador Aécio Neves (PSDB), além
de já ter conhecimento de que o tucano mantém uma conta em Liechenstein em nome
da própria mãe.
Em
8 de fevereiro de 2007 foi deflagrada a Operação Norbert, visando apurar
denúncias de lavagem de dinheiro na praça do Rio de Janeiro. No meio da
operação, os procuradores se depararam com duas bombas. A primeira, envolvia o
corregedor do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Carpena do Amorim.Coube a
Carpena endossar um dossiê falso preparado por um lobista ligado a Daniel
Dantas, penalizando a juíza Márcia Cunha.
Ao
puxar o fio da meada de uma holding, os procuradores toparam com Carpena. O
caso foi desmembrado do inquérito dos doleiros, tocado pelo Ministério Público
Federal do Rio de Janeiro e resultou na condenação do ex-juiz a três anos e
meio de prisão.
O
segundo fio foi puxado quando os procuradores encontraram na mesa dos doleiros
uma procuração em alemão aguardando a assinatura de Inês Maria, uma das sócias
da holding Fundação Bogart & Taylor - que abriu uma offshore no Ducado de
Liechtenstein.
Os
procuradores avançaram as investigações e constataram que a holding estava em
nome de parentes de Aécio Neves: a mãe Inês Maria, a irmã Andréa, a esposa e a
filha.
Como
o caso envolvia um senador da República, os três procuradores desmembraram do
inquérito principal e encaminharam o caso ao então Procurador Geral da
República Roberto Gurgel. Foi no mesmo período em que Gurgel engavetou uma
representação contra o então senador Demóstenes Torres.
O
caso parou na gaveta de Gurgel, onde permanece até hoje.
Com
a delação de Delcídio, Janot tem tudo à mão. Não haverá sequer necessidade de
abrir um inquérito suplementar porque todas as informações necessárias constam
da Operação Norbert (leia mais aqui).
Abertura
de inquérito
Investigadores
ouvidos pela Folha avaliam preliminarmente que deve ser pedida abertura de
inquérito contra o tucano.
Em
um dos termos de sua delação premiada, Delcídio afirmou que o presidente do
PSDB recebeu propina de Furnas, empresa de economia mista subsidiária da
Eletrobras.
Ainda
sobre o tucano, Delcídio relatou um caso na CPI dos Correios, que investigou o
mensalão, no qual Aécio teria atrasado o envio de dados do Banco Rural para
fazer uma "maquiagem" nas informações.
"A
maquiagem consistiria em apagar dados bancários comprometedores que envolviam
Aécio Neves, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos
Valério e companhia", afirmou.
Para
os investigadores, o caso envolvendo a CPI é o mais grave envolvendo Aécio e
deve ser o principal alvo do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR.