segunda-feira, 3 de abril de 2017

Relatório da reforma política prevê fim dos vices e voto em lista


A reforma política na Câmara, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) adiantou que vai propor em seu parecer final o fim dos vices em todas as instâncias de governo. Com isso, deixariam de existir vice-presidente, vice-governadores e vice-prefeitos.
O relatório, que deverá ser apresentado na terça-feira (4) à comissão especial que discute o tema, também prevê a criação de um fundo para financiar campanhas eleitorais abastecido em 70% com recursos públicos.
Os 30% restantes viriam de doações de pessoas físicas – atualmente, a legislação proíbe a doação de empresas a campanha eleitorais.
Outra mudança prevista no parecer de Vicente Cândido é no sistema de votação das eleições legislativas.
Durante um período de transição seria instituído o voto em lista fechada, pela qual o eleitor vota em uma relação de nomes previamente escolhidos pelos partidos.
Esse modelo prevê que as vagas destinadas a determinada legenda são preenchidas pelos candidatos na ordem em que aparecem na lista.
Depois, segundo a proposta do relator, esse sistema migraria para o distrital misto, por meio do qual metade das vagas no Legislativo é preenchida por lista fechada e outra metade pelo voto nos candidatos distribuídos em distritos (cada município ou estado é dividido em regiões que escolhem seus candidatos internamente).
Atualmente, o eleitor vota diretamente no candidato ou no partido para preencher as vagas de vereador, deputado estadual ou federal.
No caso de presidente, governador, prefeito e senador, o modelo vigente seria mantido. Pela regra atual, vota-se diretamente no candidato ou no partido e é eleito aquele que receber o maior número de votos.
Críticos da lista fechada argumentam que o modelo poderá beneficiar os políticos que querem se eleger para manter o foro privilegiado, em que só podem ser julgados pelos tribunais superiores.
 Para Vicente Cândido, o argumento não tem fundamento. “O investigado na Lava Jato vai ficar em evidência estando na lista ou fora da lista. Ele poderá ser eleito numa carona de puxador de voto às vezes desapercebido pelo eleitor. Então, não é isso. Se ele estiver na lista, o partido vai ter que explicar o porquê, vai ter que apresentar currículo”, afirma.
Sobre o fim do cargo de vice, o relator diz que esse é o ponto em que há “menor atrito”. “Até agora ninguém se levantou contra. Professores do México estiveram aqui semana passada e disseram que o país acabou com os vices em 1917, com a constatação de que vice só conspira”, diz.
Na visão do petista, o país joga “dinheiro fora” ao manter esses cargos. “Temos quase 6 mil vices no Brasil, que devem ter no mínimo mais dois cargos [de assessor]. Então, temos um exército de 15 mil pessoas que ganham para não fazer nada. Se o vice não faz nada, não tem por que ser assessorado”, completa.

Segundo o relator, embora o relatório esteja pronto, ele ainda se reunirá com lideranças partidárias e poderá fazer algum ajuste de última hora.

LULA TERÁ APOIO DE PELO MENOS SEIS GOVERNADORES DO NORDESTE


247 – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera, com folga, todas as pesquisas sobre sucessão presidencial, já tem alianças naturais com pelo menos seis dois nove governadores do Nordeste.
São eles Wellington Dias, do Piauí, Flávio Dino, do Maranhão, Camilo Santana, do Ceará, Rui Costa, da Bahia, Renan Filho, de Alagoas, e Ricardo Coutinho, da Paraíba.
Dias, Santana e Costa são do PT e, portanto, são aliados naturais de Lula. Dino, do PCdoB, fez seu primeiro gesto de apoio quando visitou Lula na semana passada e afirmou que o Brasil precisa voltar a pensar com grandeza. Renan Filho, embora seja do PMDB, deve seguir os movimentos do pai Renan Calheiros (PMDB-AL), que, no fim de semana, explicitou seu rompimento com Michel Temer. E Coutinho, do PSB, esteve ao lado de Lula na inauguração popular da transposição do São Francisco.
O movimento de todos esses governadores tem razões ideológicas, mas também faz parte da lógica eleitoral. Como o golpe de Temer e da coalizão PMDB-PSDB é rejeitado por quase 70% dos nordestinos, apoiar Lula será uma questão de sobrevivência política para os políticos que disputarão cargos majoritários. Estar contra Lula significará estar contra o eleitor.
Mais do que simplesmente apoiá-lo, os governadores do Nordeste também poderão organizar uma frente ampla em defesa da legalidade, para impedir que a direita brasileira impeça Lula no tapetão, com condenações em primeira e segunda instância.