Agência Câmara - A
comissão especial da Câmara que analisa mudanças no sistema eleitoral
brasileiro (PEC 77/03) manteve no texto a possibilidade de um candidato
disputar mais de um cargo no mesmo pleito – um cargo majoritário e outro
proporcional, por meio das listas preeordenadas.
O colegiado rejeitou, nesta terça-feira (15), destaque do PP
para retirar essa possibilidade do substitutivo do deputado Vicente Candido
(PT-SP), já aprovado na semana passada.
A comissão também confirmou a supressão do substitutivo do
artigo que estabelece que o suplente de senador seja o deputado federal mais
votado do partido.
Fica mantido, portanto, o sistema atual, em que os dois
suplentes não disputam diretamente as eleições e apenas integram a chapa
encabeçada pelo candidato a senador.
Com essas votações, foi concluída a votação da matéria. A PEC
também fixa mandato de dez anos para ministros de tribunais superiores. Além
disso, estabelece novas datas para a posse de presidente (7 de janeiro) e para
governadores e prefeitos (9 de janeiro). Hoje, todos são empossados em 1º de
janeiro.
Trechos já aprovados
O substitutivo aprovado estabelece o financiamento público de
campanhas, por meio da criação do Fundo Especial para Financiamento da
Democracia. Pela proposta, esse fundo contará com 0,5% da Receita Corrente
Líquida da União nos 12 meses encerrados em junho último – o equivalente a
cerca de R$ 3,6 bilhões.
Além disso, o texto fixa o voto majoritário para deputados
federais, estaduais e distritais, em 2018, e vereadores, em 2020 – sistema
conhecido como "distritão", pelo qual é eleito o candidato que recebe
mais votos.
A partir de 2022, passará a valer o sistema distrital misto, em
que cada eleitor vota duas vezes. Metade das vagas será ocupada por eleitos por
meio de listas fechadas, elaboradas previamente pelos partidos, e a outra
metade é definida pelo voto majoritário em distritos menores que os atuais
estados.
O sistema atual é chamado de proporcional – para ser eleito, o
candidato conta com os seus votos e com aqueles dados ao partido ou à
coligação.
Próximas etapas
A proposta é o primeiro passo da reforma política em discussão
na Câmara e altera a Constituição. O texto deverá ser discutido e votado no
Plenário da Câmara ainda no mês de agosto, segundo previsão do presidente da
Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Depois seguirá para o Plenário.
Também nesta terça-feira, outra comissão especial reúne-se às
14h30, no plenário 8, para analisar mais um conjunto de mudanças na legislação
eleitoral. Alguns deputados defendem que primeiro ocorra a votação da PEC 77/03
no Plenário e depois seja feita a análise das outras mudanças na legislação.