Quase 40% dos deputados já indicados
para analisar pedido têm pendências no Supremo.
Dos 15 com pendências, quatro já são
réus: além de Leitão, Benito Gama (PTB-BA), por crime eleitoral, Flaviano Melo
(PMDB-AC), por peculato e crime contra o sistema financeiro, e Delegado Éder
Mauro (PSD-PA), por crime de ameaça.
POR EDUARDO BRESCIANI
O GLOBO
BRASÍLIA — Quase 40% dos deputados
eleitos para integrar como titulares a Comissão do Impeachment têm pendências
no Supremo Tribunal Federal (STF). Levantamento do GLOBO mostra que são 15
investigados ou processados, entre os 39 da chapa liderada pela oposição e
dissidentes da base.
O tucano Nilson Leitão (MT) é quem mais
tem pendências. É réu em processo aberto pela 1ª Turma do STF semana passada
por crime de responsabilidade, sob suspeita de superfaturar obras de
pavimentação de um trecho da BR-163 quando era prefeito de Sinop (MT), de 2001
a 2006. Há outros seis inquéritos relativos a esse período. Ele diz confiar na
absolvição e afirma que os demais casos serão arquivados.
— Todas as minhas contas foram
aprovadas e os convênios foram aprovados por todos os ministérios. Isso não
tira minha prerrogativa de investigar a presidente — disse.
Estarão como titular na comissão dois
deputados investigados na Operação Lava-Jato: Jerônimo Goergen (PP-RS) e Luis
Carlos Heinze (PP-RS) foram indiciados após serem apontados pelo doleiro
Alberto Youssef como beneficiários da propina distribuída no PP. Depois, o
doleiro afirmou não conhecê-los e não ter entregue diretamente dinheiro a eles.
Afirmou que Goergen e Heinze eram citados pela cúpula do partido como
beneficiários. Os dois negam as acusações.
— Não fiz nada de errado e tenho feito
de tudo para comprovar isso. Nada tira a legitimidade do meu mandato ou muda
minhas convicções — afirmou Goergen.
— Desafio o Youssef ou qualquer líder
do meu partido a me dizer quanto me deu, quando e onde me deu — disse Heinze.
Dos 15 com pendências, quatro já são
réus: além de Leitão, Benito Gama (PTB-BA), por crime eleitoral, Flaviano Melo
(PMDB-AC), por peculato e crime contra o sistema financeiro, e Delegado Éder
Mauro (PSD-PA), por crime de ameaça. Benito diz que o prefeito que o acusou, na
campanha de 2008, responde por difamação e injúria. E que o Ministério Público
propôs encerrar a ação. Melo diz que a acusação tem “razões políticas” e frisa
que o STF “certamente” dará pela improcedência da denúncia A assessoria de Éder
Mauro foi procurada, mas não houve retorno.
Lelo Coimbra (PMDB-ES) afirma que o seu
caso trata apenas de um procedimento relativo às eleições de 2010. Ele ressalta
que a denuncia, de que pastores teriam trabalhado na sua campanha eleitoral, já
foi julgado improcedente pelo TRE-ES.
Danilo Forte (PSB-CE) diz esperar que o
inquérito contra ele, que trata de irregularidades na sua gestão na Funasa,
seja arquivado, como já ocorreu com outro que tratava do mesmo período.
Valdir Rossoni (PSDB-PR) afirma que a
acusação contra ele, de crime ambiental, decorre de um incêndio ocorrido em uma
propriedade de um vizinho e ressalta que fez a recuperação da área que foi
atingida em seu terreno.
Alex Manente (PPS-SP), investigado por
crime eleitoral, afirma que já prestou depoimento e aguarda o arquivamento do
inquérito.
Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirma que a
acusação de crime ambiental é indevida porque ele estava em Brasília na data em
que houve a autuação em Angra dos Reis. Atribui ainda o inquérito de difamação
a uma briga política com a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Os demais deputados não foram
localizados ou não retornaram as ligações.