O caos
vivido no trânsito de São Luís ontem por causa de protestos de taxistas contra
o Uber foi uma mostra do quanto a capital maranhense ainda insiste em ficar
estacionada no século XX. Uma lei aprovada pelos vereadores meses atrás
proibindo o uso do aplicativo chega, no mínimo, a ser um retrocesso.
De
acordo com lei federal cabe a cada município legislar sobre o tema. Foi o que
fizeram os nobres parlamentares ludovicenses, porém, optando pelo caminho
errado, diferente de outras capitais como Vitória, São Paulo e Brasília, que
impuseram regras para a exploração do transporte de passageiros por meio dos
aplicativos. Os taxistas têm o direito de protestarem, apresentarem argumentos
e reivindicarem direitos, até porque a lei municipal proibiu o uso desse tipo
de serviço.
O
problema está aí. Vossas excelências cederam ao lobby e acharam mais fácil
impedir um serviço moderno e totalmente conectado com a realidade do que
elaborarem regras claras que permitissem tal atividade sem prejuízos maiores
para a categoria mais antiga. Agora, querem que a Secretaria Municipal de
Trânsito e Transporte descasque sozinha o abacaxi que cultivaram. Os esforços
que a pasta precisa empreender para fiscalizar a “ilegal” atividade de
“motorista de Uber” poderia ser usada para dar mais celeridade, segurança e
eficiência às vias.
Já
a união dos taxistas contra os “concorrentes desleais” deveria existir também
para derrubar os valores absurdos das licenças que lhes são impostas e, assim,
repassar um preço mais justo para o cliente, atraindo de volta parte do público
perdido. Já “vossas excelências” podiam encontrar uma forma de revogar a
arcaica lei que mais parece ter sido editada na metade do século passado.
Algumas reflexões precisam ser feitas.
Uma
delas é que há um público cativo que não troca os bons e velhos táxis pelos
carros dos aplicativos, principalmente as pessoas mais velhas. Outro ponto é
que nas cidades em que o serviço foi aceito e regulamentado, o “boom” do início
passou, pois boa parte dos motoristas não consegue conciliar o trabalho
convencional com a rotina louca que a vida de “uber” exige para se obter bons
ganhos, ou seja, não há tantos carros Uber assim.
Mas,
por fim, é bom que se diga: muitas profissões vão deixar de existir nas
próximas décadas e aquelas que insistirem em não se reinventar e adaptar-se as
facilidades da modernidade poderão estar entre elas.
Djan Moreno – Jornalista