Por Mino Pedrosa
Muito tem se falado e muito ainda se há
de falar sobre o caso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a
ex-jornalista global Miriam Dutra, cujo pivô da história é o filho da repórter
Tomás Dutra Schimidt, de 23 anos, assumido por FHC forçadamente em 2009, mesmo
tendo dois exames de DNA negativado em 2011.
A pergunta que apimenta mais este
folhetim é: quem seria o verdadeiro pai de Tomás?
E outra pergunta vem a reboque: Porque
Miriam Dutra jamais revelou quem é o verdadeiro pai de Tomás?
Este repórter revela o nome do pai do
rebento e a verdade deste segredo de alcova, ouvido nas cozinhas das duas
famílias envolvidas no desenrolar desse novelo. Durante um ano foi assessor da
Campanha à Presidência da República de FHC convivendo 24 horas com o candidato.
Quanto à família Sarney, ajudou na candidatura ao Governo do Maranhão e a
pré-candidatura à Presidência da República, construindo um laço de amizade com
a família.
O nome do pai de Tomás é Jorge
Francisco Murad Junior, ou Jorge Murad ou ainda Jorginho, marido da
ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney.
Agora fica mais claro enxergar a
verdade.
Em março de 1992, no gabinete do então
senador Fernando Henrique Cardoso, na presença de vários servidores, inclusive
Eduardo Jorge Caldas Pereira, numa antessala lotada, a jornalista global Miriam
Dutra anunciou uma gravidez recente.
Indagada pelo senador sobre quem seria
o pai, a jornalista disparou em alto e bom som insultos a FHC e deixou o
gabinete aos prantos fazendo o senador ir atrás para acalmá-la. O caso entre os
dois era sabido há vários anos. Mas a surpresa do filho deixou Fernando
Henrique refém a partir daquela data.
A bomba não só estourou na família de
FHC como também na de outra família importante na política nacional. A filha do
presidente Sarney flagrou, no bolso do paletó de seu marido, Jorge Murad, um
bilhete que revelava uma intimidade de um relacionamento clandestino que Murad
mantinha até uma garçonière, para encontros fortuitos, com uma jornalista
global que cobria os fatos da Presidência da República. Teria sido este
bilhete, o motivo real da separação de Roseana e Murad quando Sarney era o dono
da faixa presidencial.
O que FHC não sabia até agora é que
dividiu a alcova com Murad durante alguns anos. Com o caso vindo à tona, fica
fácil entender porque Miriam relutava em fazer o teste de DNA de Tomás. Mas
Murad sempre soube que compartilhava o leito da jornalista com FHC.
O caso de FHC e Miriam também nunca foi
segredo para os peões da Fazenda Córrego da Ponte, em Buritis de Minas, nos
arredores de Brasília, comprada por FHC em sociedade com Sérgio Motta. O casal
passava os finais de semana em liberdade com a natureza. Se inspirando na
história da aristocrata anglo-saxã, Lady Godiva, Miriam costumava cavalgar nos
prados de Buritis, até uma pequena queda d´água, vestindo somente botas e
montando no pelo de uma égua, estimulando o imaginário do intelectual Fernando
Henrique.
Numa manobra estratégica, FHC, o então
deputado José Serra e o diretor da Rede Globo em Brasília, Alberico Santa Cruz,
viabilizaram Miriam Dutra como correspondente internacional em Lisboa, na
recém-inaugurada SIC em Portugal.
Em março de 1994, Fernando Henrique
decide sair candidato à Presidência da República e vai a São Paulo pegar o aval
com sua esposa Ruth Cardoso. Na saída de seu apartamento em Higienópolis, em
São Paulo, FHC convoca a imprensa e anuncia estar com “pneu lameiro em seu
jeep” pronto para enfrentar qualquer escândalo.
Durante a campanha dona Ruth Cardoso
vai conhecer a fazenda de Buritis de Minas e depara-se com as botas de montaria
e o chicotinho que Miriam usava para suas cavalgadas. A socióloga se aborrece
com o candidato e se acidenta. Dias depois reaparece com o braço na tipoia.
Este assunto publicado após um ano, em matéria deste jornalista na Revista Isto
É, foi muito comentado no Palácio do Planalto e assumido por FHC perante
Aluísio Nunes Ferreira, então ministro da Justiça; e outras autoridades.
Não é de hoje, que os presidentes
recebem mimos milionários de empreiteiros. A exemplo do sítio do ex-presidente
Lula, em Atibaia, no interior de São Paulo, agora sob os holofotes da imprensa
e na mira da Justiça, a Fazenda Córrego da Ponte, de FHC foi também presenteada
com uma pista de pouso para aeronaves de grande porte, tais como o boing
presidencial. A pista construída a 500 metros da porteira da fazenda, no meio da
mata, feita pela Camargo Correia, foi denunciada na Revista Isto É, também por
este jornalista durante o mandato de Fernando Henrique.
Também foi denunciada a compra de um
apartamento em Brasília com sobra de campanha para Luciana Cardoso, filha de
FHC, aumentar o imóvel que morava.
Desde o momento do anúncio da gravidez
de Miriam, FHC passou a refém de adversários políticos e dos tubarões da mídia.
Foram duras as penas para manter o segredo a sete chaves. José Serra, Sergio
Mota e Alberico Santa Cruz foram fiéis escudeiros para guardar a história.
Não se pode esquecer de um personagem
com destaque nesta trama: o jornalista e empresário Fernando Lemos, cunhado de
Miriam Dutra, casado com Margrit Dutra Shimidt, com quem dividia o leito com
José Serra. Fernando usava de seu prestígio junto ao presidente para fechar
grandes negócios e aumentar a mesada da cunhada e de Tomás, que ele já sabia
ser filho de Murad e Miriam. Fernando Lemos para demonstrar sua relação com o
presidente telefonava para o Palácio da Alvorada e colocava em viva voz sua
conversa informal com a autoridade máxima do país, na frente de empresários com
quem negociava seus serviços.
Tempos depois, Fernando separou-se de
Margrit, deixando Serra usufruir do romance vez por outra. Hoje a jornalista
está lotada no gabinete de Serra, em função privilegiada e proibida pelo
regimento do Senado: “trabalhando em casa”. Fernando Lemos faleceu em 2012.
Outro personagem importante nesta
história é o ex-senador e ex-governador de Santa Catarina Jorge Bornhausen.
Articulador político de vários governos desde a ditadura militar, Bornhausen
convenceu Antônio Carlos Magalhães e todos os caciques do PFL a apoiarem a
candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República em 1994. O
alemão também era um dos donos da Brasif S.A., empresa que contratou Miriam
Dutra com contrato fictício a pedido de FHC, ‘’para desenvolver pesquisas sobre
os Free-Shoppings.”
Bornhausen também viveu momento de
chantagem por filho bastardo. Engravidou uma jovem que foi presenteada com um
apartamento para evitar o escândalo político e atrapalhar a carreira do
articulador. A mãe da jovem procurou a mulher de Bornhausen e revelou o romance
secreto. Para perdoar o marido, a esposa do ex-senador exigiu uma mudança repentina
para Portugal. O cacique conseguiu, com seu prestigio, o cargo de embaixador do
Brasil em Lisboa, até que o incêndio fosse apagado.
Com a intenção de voltar ao Brasil,
Miriam arrancou de FHC um apartamento de frente para o mar em Santa Catarina,
intermediado por Fernando Lemos e Jorge Bornhausen. Mas a jornalista nunca
voltou, mas continuou até agora colocando FHC na parede. O rumo dessa história
está apenas começando. Tucanos acusam o PT de estar por trás da “motivação” de
Miriam Dutra e fazem Lula lembrar do debate na TV em 1989, quando o
ex-presidente Fernando Collor tinha na manga um dossiê sujo e rasteiro
envolvendo o passado do metalúrgico. Este novelo ainda tem muita lã para
desenrolar. É só aguardar.