A elaboração da nova Lista de Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçadas de Extinção, resultado de cinco anos de trabalho, traz um total de
1.173 espécies da fauna ameaçadas de extinção (incluindo peixes e invertebrados
aquáticos), num universo de 12.256 espécies analisadas.
O
estudo representa a maior avaliação de risco de extinção já feita no mundo.
100% dos mamíferos, répteis, anfíbios e aves foram pesquisados.
De
acordo com a coordenadora substituta de Manejo para Conservação, Rosana Subirá,
as metas estabelecidas foram superadas. "O objetivo, que era chegar a 10
mil espécies em 2014, foi ultrapassado com as 12.256 espécies avaliadas. A
ideia era também obter registros e informações sobre as espécies que não estão
ameaçadas, para identificar lacunas e apontar quais delas ainda precisam de
mais estudo", explicou a coordenadora.
Das 720
novas espécies incluídas na lista, muitas não tinham sido avaliadas
anteriormente ou os dados disponíveis sobre elas eram insuficientes. Dentre as
espécies incluídas, estão o macaco-prego-galego – espécie descrita após 2003
cujo habitat (Mata Atlântica nordestina) vem sofrendo redução desde o século
XVII – e o maçarico-rasteirinho – ave migratória com declínio populacional.
Outros
fatores de inclusão na lista: espécies descobertas recentemente e, em menor
número, aquelas que tiveram seu estado de conservação agravado.
Os
principais aspectos que contribuem para o risco de extinção das espécies da
fauna são: a perda e fragmentação de habitat (expansão agrícola e urbana,
grandes empreendimentos etc), a captura direta, a degradação de habitat
(poluição, queimadas), as espécies invasoras, a mortalidade indireta (causada
pelas queimadas, por exemplo) e o uso não sustentável do habitat (turismo
desordenado, extração vegetal etc).
Dentre
os vários casos de êxito na recuperação das espécies, destaca-se o
peixe-gramma, que aparecia na lista de espécies ameaçadas em 2004 e agora já
não corre mais risco de extinção. Com ocorrência no litoral brasileiro (do
Maranhão até o Rio de Janeiro), o peixe-gramma teve sua captura e
comercialização proibidas após a divulgação da lista de 2004. "Com a
proibição, a população dessa espécie conseguiu se recuperar ao longo dos
últimos 10 anos", esclareceu Carlos Eduardo Guidorizzi, analista ambiental
do ICMBio.
A
arara-azul-grande (foto) é mais um exemplo de sucesso das políticas de
proteção, pois também saiu da lista de espécies ameaçadas. Incluída em dois
Planos de Ação, o PAN para Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal e o PAN
para Conservação da Fauna do Xingu, a arara-azul-grande foi beneficiada pela
intensificação do combate ao tráfico de animais.
Outro
destaque é o do albatroz-de-sobrancelha, mais uma espécie que deixou a lista de
animais ameaçados de extinção. Segundo Carlos Eduardo Guidorizzi, o albatroz-de-sobrancelha
é uma ave migratória cujo estado de conservação melhorou fora do Brasil. As
ações internas, porém, foram de grande importância para a espécie, que está
contemplada no PAN para Conservação dos Albatrozes e Petréis desde 2006 e pela
Convenção Internacional sobre Espécies Migratórias, da qual o Brasil é
signatário. "É preciso destacar também o Projeto Albatroz, parceiro do
ICMBio, que vem realizando atividades de educação ambiental com pescadores para
diminuir a captura incidental do albatroz-de-sobrancelha, uma das aves que mais
sofrem com esse tipo de captura", ressaltou a coordenadora Rosana Subirá.