sábado, 10 de dezembro de 2016

Delator da Odebrecht cita Temer, Maia, Renan e parlamentares; veja a lista e a íntegra da delação





Ex-responsável pela área de Relações Institucionais da Odebrecht, maior empreiteira do país, Claudio Mello Filho citou em seu acordo de delação premiada ao menos 36 políticos, entre governistas e oposicionistas.

No chamado anexo que contém os resumos do que será tratado na colaboração, Mello Filho promete relatar em detalhes aos investigadores sua relação com os principais integrantes da cúpula do PMDB, atingindo em cheio o núcleo duro do governo Michel Temer.

Em trechos do acordo obtidos pelo JOTA, Mello Filho contou que foi acertado pagamento de R$ 10 milhões por Marcelo Odebrecht ao PMDB, em jantar no Palácio do Jaburu que teve em maio de 2014 com Temer e peemedebistas. Parte dos recursos  foi entregue em dinheiro vivo no escritório de advocacia de José Yunes. Trechos dos anexos da colaboração do executivo foram revelados pelo site Buzfeed.

Segundo ele, “claramente, o local escolhido para a reunião foi uma opção simbólica voltada a dar mais peso ao pedido de repasse financeiro que foi feito naquela ocasião”.

O executivo disse que temas de interessa da empresa eram colocados a Temer, como quando entregou ao peemedebista uma nota sobre a atuação da companhia em Portugal, sendo que ele faria uma viagem institucional. “Esse exemplo deixa claro a espécie de contrapartida institucional esperada entre público e privado”.

Mello Filho afirmou ainda que parte dos recursos acertados para Temer foi destinado para Paulo Skaf que se candidatou ao governo de SP em 2014.

Em seu acordo, o executivo afirmou ainda que o ministro Eliseu Padilha, de “codinome primo” centralizava arrecadações para Temer, então candidato a reeleição a vice-presidente nas eleições de 2014. Segundo o ex-empresário, Padilha atua como verdadeiro “preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome.”

“Esse papel de ‘arrecadador’ cabe primordialmente a Eliseu Padilha e, em menor escala, a Moreira Franco.”

De acordo com o delator, Padilha foi o representante escolhido por Temer que recebeu e endereçou os pagamentos realizados a pretexto de campanha solicitadas por Temer. “Este fato deixa  claro seu peso político, principalmente quando observado pela ótica do valor do pagamento realizado, na ordem de R$ 4 milhões”.

Mello Filho também diz que foram destinados para a cúpula do PMDB do Senado mais de R$ 23 milhões, sendo que Romero Jucá centralizava a arrecadação, e envolve ainda o candidato do partido para a presidência do Senado, Eunício Oliveira, chamado de “índio” pela companhia. Ele afirmou que foram pagos R$ 2,1 milhões, a um preposto do senador, o  valor foi dividido em duas parcelas, sendo uma paga em Brasília e a outra em São Paulo. Os pagamentos foram realizados entre outubro de 2013 e janeiro de 2014.

Os acertos financeiros tinham como objetivo além de estreitar relações conseguir aprovar propostas de interesse da Odebrecht no Congresso, como mudanças em medidas provisórias, que tratavam de medidas de mudança de regime tributária e de concorrência, por exemplo.

O delator contou também que Marcelo Odebrecht pediu que transmitisse um recado para Michel Temer e que teria procurado Moreira Franco. “O recado foi que ele teria tido uma reunião com Maria das Graças Foster, ex-presidente da Petrobras e ela teria perguntado  expressamente a Marcelo Odebrecht quais pessoas do PMDB ele teria ajudado financeiramente na campanha eleitoral de 2010. Marcelo me disse que não respondeu a pergunta de Graça Foster, pois “não dizia respeito a ela a relação dele com o PMDB””, disse.

“Marcelo me pediu pressa  na transmissão do recado. Sabendo da relação que ele mantinha com Michel Temer, procurei Moreira Franco e contei a ele o relato de Marcelo e, percebendo que era importante para Marcelo Odebrecht, pedi que ele transmitisse o quanto antes para Michel Temer”, completou.

O  atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também é envolvido, sendo apontado que recebeu R$ 100 mil da Odebrecht para quitar dívidas de sua campanha à prefeitura do Rio de Janeiro. Maia é tratado pela empreiteira como Botafogo.

Os políticos negam irregularidades e afirmam que recursos recebidos ou negociados com Odebrecht se tratam de doações eleitorais previstas em lei.


ESTÁ PROVADO: DILMA, A HONESTA, FOI AFASTADA PELO GOLPE DOS CORRUPTOS

A capa deste sábado do jornal O Globo desmoraliza o golpe de 2016 e todas as forças que o apoiaram – incluindo a própria Globo; a manchete é a prova de que Dilma foi afastada "por uma assembleia de bandidos, presidida por um bandido", como definiu o escritor português Miguel Sousa Tavares; os personagens que feriram a democracia brasileira para sempre e hoje aparecem delatados por corrupção nem cabem na primeira página do jornal: Temer, Renan, Maia, Padilha, Moreira, Alckmin, Serra; e agora: vão pedir desculpas e devolver o poder a quem o conquistou pelo voto? Ou o Brasil será governador por réus e candidatos a réus?

247 – A primeira página do jornal O Globo é pequena para listar a quantidade de golpistas que hoje aparecem listados na delação premiada da Odebrecht. Mas ela também confirma como foi precisa a definição do golpe de 2016 pelo escritor português Miguel Sousa Tavares.
"Dilma foi afastada por uma assembleia de bandidos presidida por um bandido", disse ele, referindo-se aos parlamentares que a afastaram e ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba.
O Globo cita seis nomes delatados pela Odebrecht: Temer, Renan, Maia, Padilha, Moreira, Alckmin e Serra.
Temer é acusado de receber propinas por meio do amigo e parceiro Jorge Yunes (leia aqui).
Padilha e Moreira Franco, dois integrantes do núcleo duro de Temer, também receberiam propinas em troca de favores à empreiteira.
Alckmin, por sua vez, é acusado de levar R$ 2 milhões por meio do cunhado e Serra de ganhar uma bolada de R$ 23 milhões na Suíça.

E agora: vão pedir desculpas e devolver o poder a quem o conquistou pelo voto? Ou o Brasil será governador por réus e candidatos a réus?

DELATOR APRESENTA PROVA DA PROPINA A TEMER, O MT


247 – Neste momento, Michel Temer deve estar pensando seriamente em sua própria renúncia. O motivo: depois da delação da Odebrecht, que se soma a sua impopularidade gigantesca e à destruição da economia brasileira, não há a menor chance de que ele consiga permanecer na presidência da República por muito tempo.
Na noite de ontem, depois da revelação de que Michel Temer pediu R$ 10 milhões à Odebrecht em pleno Palácio do Jaburu, que teriam sido entregues parcialmente, numa mala de dinheiro, a seu melhor amigo, Jorge Yunes, que é também tido no mercado como seu parceiro em empreendimentos imobiliários (saiba mais aqui), o Palácio do Planalto reagiu com a seguinte nota:
O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho.  As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente.


Pois bem: a Odebrecht sustenta que os pagamentos a Temer saíram do departamento de propinas da empreiteira, eram contrapartidas por favores governamentais – ou seja, propina – e também traz, como prova, um email de Marcelo Odebrecht, o MO, a seus executivos.


Nele, Marcelo diz que só aceitou pagar "depois de muito choro" e que este seria o último pagamento ao "time de MT", Michel Temer.


Dos R$ 10 milhões, R$ 6 milhões teriam sido destinados à campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. Os R$ 4 milhões restantes teriam sido distribuídos a Eliseu Padilha, Yunes, o amigão de Temer, e a Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba.


Ao formular perguntas a Temer, sua testemunha na Lava Jato, Cunha quis questioná-lo sobre esse pagamento da Odebrecht a ele, via Jorge Yunes, mas o juiz Sergio Moro vetou as questões.