A morte de uma menina de 11 anos após sofrer uma parada
cardiorrespiratória, na última segunda-feira, no Distrito Federal, em
decorrência de choque elétrico enquanto utilizava o celular com o aparelho
ligado à tomada, chamou atenção para os risco da prática. A garota, que não
teve o nome divulgado, foi atendida no Hospital Regional de Ceilândia por três
pediatras, um cirurgião e uma clínica médica, segundo a Secretaria de Saúde.
Ela foi submetida a reanimação cardiopulmonar durante uma hora e dez minutos,
mas não sobreviveu.
A
família informou aos médicos que a menina levou um choque enquanto jogava em um
aparelho celular ligado à tomada. Segundo a capitã Juliana Leal, do Corpo de
Bombeiros do Distrito Federal, a situação se agravou porque houve sobrecarga de
energia. “O chão estava molhado e eles botaram um ventilador e um celular na
mesma tomada e a menina tomou um choque fatal”, disse.
“As
pessoas devem ter cuidado quando forem arrumar a casa para não deixar que a
fiação entre em contato com a água. É importante também ter cuidado com as
tomadas e não deixar sobrecarregar. Quando o carregador está estragado ou há
problema de instalação elétrica, potencializa o risco de choque”, afirma
Juliana.
Segundo
a engenheira elétrica Marylene Roma, professora do Instituto Federal de
Brasília, o risco de usar o celular ligado à tomada aumenta quando a instalação
elétrica da casa está deteriorada. “Usar uma extensão, que a gente coloca
quatro, cinco equipamentos, é muito perigoso, pois sobrecarrega a tomada. Às vezes,
colocamos até dez vezes mais carga que o suportado por uma tomada”, disse.
“O
equipamento que a criança estava usando, nesse caso, era um celular, mas ela
podia estar com um video game e ter acontecido a mesma coisa”, avalia Marylene.
A professora recomenda que a instalação elétrica da casa seja revisada
regularmente por um profissional especializado. “Não se deve atender o celular
na tomada, nem puxar o cabo do aparelho enquanto carrega ou usar baterias e
carregadores que não sejam originais”, acrescenta Marylene.
A
professora também orienta carregar a bateria de celulares longe de locais
inflamáveis, evitar ligar aparelhos nas tomadas do banheiro enquanto o chuveiro
estiver ligado, pois a umidade aumenta os riscos de acidente. “A recomendação é
colocar em lugares que, se acontecer curto-circuito e incêndio, não prolifere
fogo pela casa inteira. Colocar longe de cadeiras, mesas, camas - o que a gente
faz regularmente. Mas é melhor colocar no chão e bem longe de um local
inflamável”, completa.
Se
mesmo após tomar todos os cuidados necessários uma pessoa levar choque, a
primeira recomendação do Corpo de Bombeiros é desligar a rede elétrica e
desprender a vítima da fonte de energia com um objeto isolante, como um cabo de
madeira. Em seguida, verificar se a vítima está respondendo.
Se
responder, deve ser encaminhada imediatamente para o hospital. Se não, além de
chamar socorro, deve-se iniciar a massagem cardíaca, pois a vítima pode estar
em parada cardiorespiratoria. A corporação diz também que nunca se pode tocar
na vítima sem os devidos cuidados: ao tocar numa pessoa que está sofrendo uma
descarga elétrica, a energia pode ser transmitida e fazer com que o socorrista
também seja eletrocutado.
A
estudante Kátia Valéria, 19 anos, diz que não sabia que pode ser arriscado usar
o celular ligado à rede elétrica. “Quando o celular está na tomada sempre
recebo mensagem, dá vontade de entrar nas redes sociais e não resisto: uso
mesmo carregando”, conta. Agora, ela garante que vai tomar mais cuidado. “É
melhor esperar um pouco. Se for muito urgente, tirar da tomada para usar,
porque é mais seguro”. Do Terra