A
ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) discutiu pessoalmente com o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa o repasse de propina para a
campanha dela à reeleição, em 2010. A peemedebista, que já havia sido citada em
uma negociata envolvendo o doleiro Alberto Youssef para o pagamento de
precatórios no Estado, recebeu 2 milhões de reais desviados do esquema do
petrolão. A informação consta do acordo de delação premiada celebrado por
Costa. O ex-diretor concordou em apresentar provas sobre o propinoduto
instalado na Petrobras em troca de benefícios judiciais.
De acordo com Paulo Roberto Costa,
o pedido de propina para a campanha ao governo maranhense partiu do então
ministro de Minas e Energia e atual senador Edison Lobão (PMDB). Mas coube à
própria então governadora discutir detalhes do repasse de recursos com o
ex-diretor da Petrobras. Indicado para a diretoria de Abastecimento da
petroleira pelo PP, Costa retirou do habitual caixa de propina do partido na
empresa a parcela enviada à ex-governadora. Coube ao doleiro Alberto Youssef
consolidar o pagamento.
“Edison
Lobão solicitou propina para Roseana Sarney. O pagamento ocorreu via Youssef.
[Paulo Roberto Costa] reuniu-se pessoalmente com Roseana em 2010 para tratar da
propina”, registrou o Ministério Público ao catalogar as informações colhidas
do ex-diretor no acordo de delação premiada.
Em um dos
casos, a reunião para a discussão de propina ocorreu no próprio gabinete de
Lobão, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Como titular da pasta de
Minas e Energia, Lobão pediu 1 milhão de reais a Costa “sem explicar a
finalidade”. O ex-ministro e atual senador é um dos 49 investigados no Supremo
Tribunal Federal (STF).
O
envolvimento de ex-governadores no escândalo do petrolão foi amplamente
detalhado por Paulo Roberto Costa aos investigadores da Operação Lava Jato.
Além de Roseana Sarney e da arrecadação de 30 milhões de reais em caixa dois
para o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB), o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em agosto do ano passado, também foi
citado como beneficiário de 20 milhões de reais do esquema para sua campanha à
reeleição em 2010. De acordo com a delação de Paulo Roberto Costa, os valores
foram intermediados pelo doleiro Youssef depois de pedido explícito do atual
senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), ex-secretário do Desenvolvimento do
Estado de Pernambuco.
As doações
ilegais chegaram aos cofres de Campos no início de 2010, segundo Costa, depois
de ele retirar os recursos do caixa de propina do PP. Os recursos para Campos,
relatou o ex-diretor, “possivelmente” foram recolhidos após o consórcio Ipojuca
Interligações, formado pelas empreiteiras IESA e Queiroz Galvão, terem pagado
propina em contratos da refinaria Abreu e Lima. O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, não pediu abertura de inquérito contra o senador
Fernando Bezerra Coelho. Ao todo, doze senadores serão investigados por
suspeitas de terem se beneficiado de propina no petrolão.
Apontado
como um dos principais delatores do esquema de corrupção e fraude na Petrobras,
Paulo Roberto Costa disse às autoridades que, em determinado momento, para
progredir na carreira, teve de ser apadrinhado politicamente – primeiro pelo
PP, mas depois passou a trabalhar em benefício também do PMDB e do PT. No
loteamento político na Petrobras, o PT controlava a presidência e as diretorias
de Serviços, Gás e Energia, Financeira e Exploração e Produção; o PP tinha a
diretoria de Abastecimento; e o PMDB atuava na diretoria Internacional.