O Estado de São Paulo
Um dos delatores da Odebrecht afirmou à
Procuradoria-Geral da República (PGR) que o presidente Michel Temer comandou em
2010, quando candidato a vice-presidente da República, uma reunião na qual se
acertou pagamento de propina de US$ 40 milhões ao PMDB. O valor era referente a
5% de um contrato da empreiteira com a Petrobrás.
Em depoimento gravado, o ex-presidente
da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio Faria da Silva disse que o encontro
se deu no escritório político de Temer, em Alto de Pinheiros, em São Paulo, em
15 de julho daquele ano. Ele diz que se surpreendeu com a forma com que se
tratou do pagamento de propina.
“A agenda era uma reunião naquele endereço, que eu nem sabia de quem
era. Só fiquei sabendo quando cheguei lá. Inclusive, imaginava que esse pessoal
não fosse falar um assunto desses comigo”, declarou, explicando que não tinha
inserção no meio político.
O contrato PAC SMS, no valor de US$ 825
milhões, era referente à manutenção de ativos sucateados da estatal em nove
países do mundo, entre eles a Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Antes de a
carta-convite da licitação ser apresentada à Odebrecht, segundo o delator, um
ex-gerente da Diretoria Internacional da estatal (comandada pelo PMDB), Aluísio
Telles, procurou a empreiteira para negociar 3% de suborno sobre o valor a ser
pago.
“Esse contrato, desde o início, foi
dirigido para nós. Ele procurou o nosso endereço, disse que estava disposto a
ajudar, evidentemente, em troca de propina”, disse Faria à PGR.
Depois disso, com o avanço do processo
de concorrência, o lobista João Augusto Henriques, apontado como operador do
PMDB no esquema de corrupção da Petrobrás, também cobrou da empreiteira o
pagamento de 5%, o que equivaleria aos US$ 40 milhões, conforme o relato do
delator.
Faria conta que, após o segundo
achaque, recebeu e-mail de um de seus subordinados, Rogério Santos de Araújo,
informando sobre o convite para uma reunião da cúpula do partido. Ao chegar ao
escritório de Temer, segundo ele, estavam no local o então candidato a vice,
Henriques e os ex-deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN).

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