Mais de 125 milhões de meninas e mulheres foram submetidas a
alguma forma de mutilação genital e a cada ano três milhões mais estão em risco
de sofrer uma intervenção similar, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS).
No Dia
Internacional contra a Mutilação Genital Feminina, a OMS lembrou que esta
prática é comum, particularmente na África oriental e ocidental, mas também
está presente em partes da Ásia e em determinadas regiões do Golfo Pérsico.
As
maiores taxas são encontradas em Somália, Guiné, Djibuti e Egito.
Um
especialista do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS, Lale Say,
disse que as correntes migratórias provocam um aumento da prevalência da
mutilação genital feminina na Europa, Estados Unidos, Austrália e Canadá.
Lale
disse que as mulheres que sofreram tal mutilação vivem em, pelo menos, 13
países europeus.
As
estimativas são muito variadas e dos poucos dados que se conseguiram reunir
surge que uma grande parte acontece no Reino Unido, com 65 mil casos, embora
este número provenha de informações que datam de 2007.
Dados
mais recentes da Hungria, de 2012, indicam que neste país há entre 170 e 300
mulheres que passaram por um tipo de mutilação genital.
Entre
os países afetados pela epidemia do ebola, Guiné e Serra Leoa se destacam entre
os que contam com maiores taxas de mutilação genital feminina, com 97% e 90%,
respectivamente.
O
assessor em questões de proteção do Escritório Regional do Unicef na África
central e ocidental, Andy Brooks, disse hoje que o ebola criou uma situação propícia
à redução dessa prática contrária aos direitos humanos.
Brooks
mencionou que o Governo de Serra Leoa fez um apelo para proibir temporariamente
essa prática no contexto da epidemia.
Do que
se trata agora, explicou, é como aproveitar este momento e conseguir o apoio
das autoridades e comunidades para que essa proibição se transforme em uma
medida de longo prazo.
Brooks
disse que na Guiné cresce também uma corrente que se opõe à mutilação, em parte
porque um terço delas são feitas em centros de saúde, aos quais o povo tem medo
de procurar.
"Com
o ebola, a população resiste a ir às clínicas e hospitais, que o povo associa
ao contágio do ebola, provavelmente fazendo com que o número das mutilações
tenha diminuído", assinalou Brooks.
A
sensibilização realizada também fez as comunidades entenderem que a operação em
si possa se transformar em vetor do vírus.

Nenhum comentário:
Postar um comentário