O verão no Hemisfério Sul começa hoje
(21), com um desafio particular para o Brasil. Pela primeira vez na estação,
dengue e febre chikungunya circulam juntas pelo país. As doenças têm sintomas
parecidos e são transmitidas pelo mesmo mosquito. Em entrevista à Agência
Brasil, o coordenador do Comitê de Doenças Emergentes da Sociedade
Brasileira de Infectologia, Rodrigo Angerami, explicou como identificar os
sinais de cada uma delas e as formas mais eficazes de prevenção.
Angerami lembrou que o que torna o
verão mais vulnerável à ocorrência de surtos e epidemias é a sazonalidade das
doenças. O comportamento do Aedes aegypti, transmissor da dengue e
da febre chikungunya, segundo ele, tende a se intensificar em períodos de
temperaturas mais altas e de muita chuva.
Outro agravante, sobretudo no caso da
febre chikungunya, é a circulação de pessoas em razão das festas de fim de ano
e das férias escolares. “Muitos saem de um estado e acabam se deslocando para
áreas onde o vírus já está circulando. Isso pode favorecer a introdução do
vírus em outros estados a partir do regresso dessas pessoas”, explicou o
infectologista.
Segundo Angerami, febre, dor de
cabeça, mal-estar, falta de apetite e dor no corpo são alguns dos sintomas
compartilhados por ambas as doenças. O que diferencia a febre chikungunya da
dengue é a dor nas articulações, que acomete o paciente de forma incapacitante.
Já a dengue provoca complicações como o risco aumentado de hemorragias, queda
da pressão arterial e acometimento dos órgãos e, por isso, exige cautela.
"Até o momento, não existe
vacina para as duas doenças. Assim, o controle do mosquito é imperativo. As
pessoas terão de se conscientizar que, não só pela dengue, mas pelo
chikungunya, deve haver um compromisso de evitar que o vetor se instale e se
reproduza."
Dados do Ministério da Saúde
divulgados no início deste mês indicam que, até o dia 15 de novembro, o Brasil
registrou 1.364 casos de febre chikungunya, sendo 71 casos importados e 1.293
autóctones. Desses, 531 foram identificados no município de Oiapoque, no Amapá,
563 em Feira de Santana e 196 em Riachão do Jacuípe, ambos na Bahia, um
em Matozinhos e um em Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, e um em Campo Grande,
Mato Grosso do Sul.
No caso da dengue, o Levantamento
Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa)
indica que pelo menos 135 municípios brasileiros apresentam risco de epidemia
da doença. Alem disso, 612 cidades estão em alerta para a dengue.

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